terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Escola do Espírito

“Reconhecemos o Espírito Santo como protagonista da nossa missão.”

Os estatutos do nosso movimento sublinham, com esta frase, a importância que devemos dar ao Espírito na nossa vida, dia a dia. Esta realidade, esta presença, Ele como protagonista, é apresentada aos jovens que querem entrar na Comunidade. Não existe vida na Aliança de Misericórdia que não parta da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: colocar o Espírito como primeiro entre todas as coisas. Não tem evangelização, trabalho com os pobres, Thalita Kum, Caná, Ruah, sem a presença do Espírito.
O Espírito é o vento que sobra em todas as nossas atividades e fundamenta nossa espiritualidade. O vento, sabemos, derruba todas as coisas, regenera, lava o ar. O vento purifica a podridão, o ar se torna mais saldável, tira tudo aquilo que não é firme. Se nós queremos ver  se uma fraternidade ou um arco íris é de verdade Aliança de Misericórdia é somente verificar se o Espírito Santo é vivo, vento que renova. O contrário é morte, presença do mal, cansaço, vida sem esperança, morte da obra que Deus-Pai colocou em nossas mãos.

“A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu filho, que clama: ‘Abba, Pai’” (Gl 4, 6)

Os estatutos nos dizem ainda: “O anúncio querigmático se fundamenta na potência do Espírito (cf. 1Cor 2, 1-5) Este anúncio será, por isso, intrinsecamente carismático, como manifestação de seu Espírito e de sua potência”. É bom lembrar as expressões do nosso Estatuto porque é através dele que Deus-Pai e a Igreja nos falam. Tudo deve ser manifestação do Espírito na nossa vida; devemos constantemente ser “embriagados”pelo Espírito. O Pai do Céu e a Igreja esperam isto de nós. E é neste “ser embriagados” que os outros nos reconhecem.
Nos dias de Natal fizemos uma missão no centro de São Paulo. Durante as danças, os cânticos e as orações se aproximou uma garota de programa que, chorando, nos disse: “Eu sinto que vocês são de Deus. Por favor, tirem-me desta vida. Não agüento mais. Quero ser de Deus, não do pecado”.Com grande alegria constatamos que o Espírito estava operando maravilhas através do nosso sim a Ele.
É tão verdade que constatamos isso na vida do Movimento. Onde o Espírito está presente, tem vida; onde, ao contrário, nos esquecemos d’Ele, a vida morre e entra em putrefação.
Foi linda a experiência que viveu uma de nossas fraternidades na metade do ano passado. Chegou um momento em que a vida entre os missionários se tornou impossível. Tudo se tornava crítica, fofoca, cansaço. Tudo ficava pesado: o trabalho, as orações, a adoração eucarística. Os coordenadores eram os primeiros criticados e destruídos, e eles mesmos não sabiam como resolver esta situação, em que o espírito do mal dominava as mentes e os corações. Assim, resolveram fazer alguns dias de cenáculo fora, num lugar mais tranqüilo.
A casa havia se tornado um lugar cheio de hipocrisia! Durante o retiro, já no começo, alguma coisa mudou: decidiram se pedir perdão e não esconder nada entre eles. O Espírito fez a sua parte! As lágrimas correram abundantes, o olhar mudou, a cegueira foi curada e eles se abriram ao Espírito, que “embriagou” a todos, transformando a água suja em vinho novo. Os carismas entre eles brotaram novamente, fortes e vivos. O Espírito falava sobre e para cada um, e os missionários ficavam atordoados vendo a potência do Espírito explodir no meio deles.
Voltaram transformados; tudo estava diferente. O vento do Espírito tinha purificado cada coração. Fizeram a experiência que Raniero Cantalamessa comenta a respeito do dia de Pentecostes: “Os apóstolos fizeram uma experiência que os padres chamam de ‘sóbria embriaguez do Espírito’, que é como dizer uma ‘moderada imoderação’. Naqueles dias, os apóstolos davam a impressão de estarem bêbados. ‘E estavam!’– exclama São Cirilo de Jerusalém. Só que se tratava de uma embriaguês especial: não de vinho, mas do Espírito Santo. (...) O mesmo São Paulo diz: ‘Não vos embriagueis com vinho, mas preenchei-vos antes do Espírito’.”

“A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu filho, que clama: ‘Abba, Pai’” (Gl 4, 6)

Sim, podemos que no nosso Movimento de acontecer isso normalmente. Deixar que o Espírito Santo tome posse de nós e nos encontre sempre, continuamente disponíveis para Ele, permitindo que somente Ele aja através da nossa pequenez.
Deve ser claro para todos que Ele quer realizar maravilhas. Por isso, devemos sempre nos perguntar se está presente, se O estamos deixando operar, se a nossa vida está conforme os desejos d’Ele, se precisamos nos pedir perdão, para que cada momento seja santo e puro. Numa palavra, ver se Ele é o tudo da nossa vida e do Movimento.
Permitindo que more entre nós, se realizará aquilo que nossos Estatutos pedem: “N’Ele somos enviados para devolver a todos os homens e ao ‘homem todo’ a sua de filho amado, a herança do Pai, a filiação divina, o perdão que faz dele uma nova criatura (cf. 2Cor 5, 17) e que o resgata da escravidão do pecado(cf. Gl 4, 5-7).
Então, coragem! Neste mês, avaliemo-nos, façamos um exame de consciência, olhemos se o Espírito sopra sobre o Movimento todo e sobre cada um de nós e coloquemo-nos novamente na Escola do Espírito Santo, como os Estatutos nos pedem como dever.

Pe. Antonello Cadeddu

Palavra do mês de fevereiro
COMUNIDADE ALIANÇA DE MISERICÓRDIA